UHF Rua do Carmo
Orl Belinha ..... Pedro jornais 555
1981
Rua do Carmo, rua do Carmo Mulheres bonitas, subindo o Chiado Mulheres alheias, presas ás montras Alguns aleijados em hora de ponta Olha como é, a Rua do Carmo Olha como é, a Rua do Carmo Junas que saiem, do Bairro Alto Putos estendidos, travando o passo Onde o comércio, cativa turistas Quem come com os olhos, já enche a barriga Olha como é, a Rua do Carmo Olha como é, a Rua do Carmo Olha como é, a Rua do Carmo Olha como é, a Rua do Carmo Soprando a vida, passa estudantes Gingando as ancas, lábios ardentes Subindo com pressa, abrindo passagem Chocamos de frente, seguimos viagem Olha como é, a Rua do Carmo Olha como é, a Rua do Carmo Olha como é, a Rua do Carmo Olha como é, a Rua do Carmo Yeh, yeh, yeh Ôh yeh
Pedro Headquarters, Prior Velho...
Estádio....
As escadas, Prior Velho
MAICO As escadas, Lumiar. πππ escritorio
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JCP
Acesso ao ensino superior
96 Helena 22
Opium, desire or will? An inspiration bound from an elegant seed Subversion, through smoke I foresee Erotic motions of lesser gods in ecstasy Opium, bring me forth another dream Spawn worlds of flesh and wrath Litte jewels of atrocity Opium, I sleep in debauchery And burn with you when you burn in me Opium, we fantasize As we fuse with your root You are a strange flower We are your strangest fruit Opium, it burns in me and you Opium, it burns for me and for you "Por isso tomo ópio, É um remédio Sou um convalescente do Momento Moro no rés do chão do Pensamento E ver passar a vida faz-me tédio"
Moonspell Opium
Note: If you like to read, if you´re interested to read, please translate de textes, the poems to your language.
And of couse, if you have time to read my messages, to see my blogging.
I always lived the past in the present. I know the future I´d like to live, where I´d like to live, with who I´d like to live, with a woman, I know I no longer have the past. The former doesn´t oppresses me because it was when and where I lived, the possibility of everything without future, the latter as the reality of nothing...
NGR
Time, place and life.
Cartas de amor são ridículas
Pessoa, faz uma brincadeira com as cartas de amor e com os sentimentos de quem já esteve apaixonado
Todas as cartas de amor são Ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas. Também escrevi em meu tempo cartas de amor, Como as outras, Ridículas. As cartas de amor, se há amor, Têm de ser Ridículas. Mas, afinal, Só as criaturas que nunca escreveram Cartas de amor É que são Ridículas. Quem me dera no tempo em que escrevia Sem dar por isso Cartas de amor Ridículas. A verdade é que hoje As minhas memórias Dessas cartas de amor É que são Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas, Como os sentimentos esdrúxulos, São naturalmente Ridículas).
Mar português Portugueses Sea
Um pequeno poema de Fernando Pessoa que contém uma das suas mais famosas frases: tudo vale a pena se a alma não é pequena.
Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.
Tudo vale a pena Se a alma não é pequena.
Tabacaria
Tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Janelas do meu quarto, Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é (E se soubessem quem é, o que saberiam?), Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente, Para uma rua inacessível a todos os pensamentos, Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa, Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres, Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens, Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada. Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade. Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer, E não tivesse mais irmandade com as coisas Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada De dentro da minha cabeça, E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida. Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu. Estou hoje dividido entre a lealdade que devo À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro. Falhei em tudo. Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada. A aprendizagem que me deram, Desci dela pela janela das traseiras da casa, Fui até ao campo com grandes propósitos. Mas lá encontrei só ervas e árvores, E quando havia gente era igual à outra. Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar? Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa! E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos! Gênio? Neste momento Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu, E a história não marcará, quem sabe?, nem um, Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras. Não, não creio em mim. Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas! Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo? Não, nem em mim… Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando? Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas — Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas —, E quem sabe se realizáveis, Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente? O mundo é para quem nasce para o conquistar E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão. Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez. Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo, Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu. Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda, Ainda que não more nela; Serei sempre o que não nasceu para isso; Serei sempre só o que tinha qualidades; Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira, chicken coop E ouviu a voz de Deus num poço tapado. Crer em mim? Não, nem em nada. Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo, E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha. Escravos cardíacos das estrelas, Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama; Mas acordamos e ele é opaco, Levantamo-nos e ele é alheio, Saímos de casa e ele é a terra inteira, Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido. (Come chocolates, pequena; Come chocolates! Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates. Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria. Come, pequena suja, come! Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes! Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho, Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.) Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei A caligrafia rápida destes versos, Pórtico partido para o Impossível. Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas, Nobre ao menos no gesto largo com que atiro A roupa suja que sou, sem rol, pra o decurso das coisas, E fico em casa sem camisa. (Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas, Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva, Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta, Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida, Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua, Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais, Ou não sei quê moderno — não concebo bem o quê —, Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire! Meu coração é um balde despejado. Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco A mim mesmo e não encontro nada. Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta. Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam, Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam, Vejo os cães que também existem, E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo, E tudo isto é estrangeiro, como tudo.) Vivi, estudei, amei, e até cri, E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu. Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira, E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses (Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso); Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente. Fiz de mim o que não soube, E o que podia fazer de mim não o fiz. O dominó que vesti era errado. Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me. Quando quis tirar a máscara, Estava pegada à cara. Quando a tirei e me vi ao espelho, Já tinha envelhecido. Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado. Deitei fora a máscara e dormi no vestiário Como um cão tolerado pela gerência Por ser inofensivo E vou escrever esta história para provar que sou sublime. Essência musical dos meus versos inúteis, Quem me dera encontrar-te como coisa que eu fizesse, E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte, Calcando aos pés a consciência de estar existindo, Como um tapete em que um bêbado tropeça Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada. Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta. Olhou-o com o desconforto da cabeça mal voltada E com o desconforto da alma mal-entendendo. Ele morrerá e eu morrerei. Ele deixará a tabuleta, e eu deixarei versos. A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também. Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta, E a língua em que foram escritos os versos. Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu. Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas, Sempre uma coisa defronte da outra, Sempre uma coisa tão inútil como a outra, Sempre o impossível tão estúpido como o real, Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície, Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra. Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?), E a realidade plausível cai de repente em cima de mim. Semiergo-me enérgico, convencido, humano, E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário. Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos. Sigo o fumo como uma rota própria, E gozo, num momento sensitivo e competente, A libertação de todas as especulações E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto. Depois deito-me para trás na cadeira E continuo fumando. Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando. (Se eu casasse com a filha da minha lavadeira Talvez fosse feliz.) Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela. O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?). Ah, conheço-o: é o Esteves sem metafísica. (O Dono da Tabacaria chegou à porta.) Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me. Acenou-me adeus gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.Álvaro de Campos (Fernando Pessoa) Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Presságio
Pessoa, neste pequeno poema, fala sobre o amor, sobre aquele amor que é difícil de revelar... O amor tímido da pessoa que ama em silêncio.
O amor, quando se revela, Não se sabe revelar. Sabe bem olhar p’ra ela, Mas não lhe sabe falar. Quem quer dizer o que sente Não sabe o que há de dizer. Fala: parece que mente… Cala-se: parece esquecer…Ah, mas se ela adivinhasse, Se pudesse ouvir o olhar, E se um olhar lhe bastasse P’ra saber que a estão a amar! Mas quem sente muito, cala; Quem quer dizer quanto sente Fica sem alma nem fala, Fica só, inteiramente! Mas se isto puder contar-lhe O que não lhe ouso contar, Já não terei que falar-lhe Porque lhe estou a falar…
Poema Em Linha Reta
Pessoa escreve ironicamente sobre todos os semideuses que conheceu na vida. Ou seja, sobre todas as pessoas que fingem ser as melhores em tudo, que não reconhecem erros, que não admitem suas falhas, que não se mostram humanas. Um poema escrito entre 1914 e 1935, mas que é ainda muito atual.
Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo, Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Que tenho sofrido enxovalhos e calado, Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel, Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado, Para fora da possibilidade do soco; Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo. Toda a gente que eu conheço e que fala comigo Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, Nunca foi senão príncipe — todos eles príncipes — na vida...Quem me dera ouvir de alguém a voz humana Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia! Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam. Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? Ó príncipes, meus irmãos, Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo? Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra? Poderão as mulheres não os terem amado, Podem ter sido traídos — mas ridículos nunca! E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído, Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear? Eu, que tenho sido vil, literalmente vil, Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Odes de Ricardo Reis (Uns, com os olhos postos no passado)
Ricardo Reis escreve sobre o passado, o futuro e o presente momento nesta breve poesia. Reforça a importância de se aproveitar a brevidade da vida.
Uns, com os olhos postos no passado, Veem o que não veem; outros, fitos Os mesmos olhos no futuro, veem O que não pode ver-se. Porque tão longe ir pôr o que está perto — A segurança nossa? Este é o dia, Esta é a hora, este o momento, isto É quem somos, e é tudo. Perene flui a interminável hora Que nos confessa nulos. No mesmo hausto Em que vivemos, morreremos. Colhe O dia, porque és ele.
XXI - Se eu pudesse trincar a terra toda
Nessa curta poesia sobre a vida, Alberto Caeiro lembra que é preciso ser de vez em quando infeliz. Este poema faz parte do conjunto de poemas chamado O Guardador de Rebanhos.
Se eu pudesse trincar a terra toda E sentir-lhe um paladar, Seria mais feliz um momento... Mas eu nem sempre quero ser feliz. É preciso ser de vez em quando infeliz Para se poder ser natural... Nem tudo é dias de sol, E a chuva, quando falta muito, pede-se. Por isso tomo a infelicidade com a felicidade Naturalmente, como quem não estranha Que haja montanhas e planícies E que haja rochedos e erva... O que é preciso é ser-se natural e calmo Na felicidade ou na infelicidade, Sentir como quem olha, Pensar como quem anda, E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre, E que o poente é belo e é bela a noite que fica... Assim é e assim seja...
Nem tudo é dias de sol, e a chuva quando falta muito, pede-se.
Quando vier a Primavera
Alberto Caeiro escreve sobre a morte, a primavera e a continuidade das coisas da vida.
Se eu já estiver morto, As flores florirão da mesma maneira E as árvores não serão menos verdes que na primavera passada. A realidade não precisa de mim. Sinto uma alegria enorme Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma. Se soubesse que amanhã morria E a primavera era depois de amanhã, Morreria contente, porque ela era depois de amanhã. Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo? Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo; E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse. Por isso, se morrer agora, morro contente, Porque tudo é real e tudo está certo. Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem. Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele. Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências. O que for, quando for, é que será o que é.
Autopsicografia
Pessoa escreve sobre sua relação com a escrita, com o leitor e com a poesia.
O poeta é um fingidor Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração.
XXXI - Se às vezes digo que as flores sorriem
Alberto Caeiro escreve sobre a natureza e as flores.
Se às vezes digo que as flores sorriem E se eu disser que os rios cantam, Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores E cantos no correr dos rios... É porque assim faço mais sentir aos homens falsos A existência verdadeiramente real das flores e dos rios. Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes À sua estupidez de sentidos... Não concordo comigo mas absolvo-me, Porque só sou essa coisa séria, um intérprete da Natureza, Porque há homens que não percebem a sua linguagem, Por ela não ser linguagem nenhuma.
Odes de Ricardo Reis (Segue o teu destino)
Um recado de Ricardo Reis sobre a forma de se encarar a vida e o futuro.
9/12 5
Segue o teu destino, Rega as tuas plantas, Ama as tuas rosas. O resto é a sombra De árvores alheias. A realidade Sempre é mais ou menos Do que nos queremos. Só nós somos sempre Iguais a nós próprios. Suave é viver só. Grande e nobre é sempre Viver simplesmente. Deixa a dor nas aras Como ex-voto aos deuses. Vê de longe a vida. Nunca a interrogues. Ela nada pode Dizer-te. A resposta Está além dos deuses. Mas serenamente Imita o Olimpo No teu coração. Os deuses são deuses Porque não se pensam.
Não sei quantas almas tenho
Pessoa escreveu este poema sobre identidade, sobre as mudanças na vida e sobre se perguntar quem, afinal, se é.
Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem achei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma. Quem vê é só o que vê, Quem sente não é quem é, Atento ao que sou e vejo, Torno-me eles e não eu. Cada meu sonho ou desejo É do que nasce e não meu. Sou minha própria paisagem, Assisto à minha passagem, Diverso, móbil e só, Não sei sentir-me onde estou. Por isso, alheio, vou lendo Como páginas, meu ser O que segue não prevendo, O que passou a esquecer. Noto à margem do que li O que julguei que senti. Releio e digo: «Fui eu?» Deus sabe, porque o escreveu.
Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem achei.
Eu
Fernando Pessoa recorda de forma nostálgica o passado e os sonhos da infância.
Sou louco e tenho por memória Uma longínqua e infiel lembrança De qualquer dita transitória Que sonhei ter quando criança. Depois, malograda trajetória Do meu destino sem esperança, Perdi, na névoa da noite inglória O saber e o ousar da aliança. Só guardo como um anel pobre Que a todo o herdado só faz rico Um frio perdido que me cobre Como um céu dossel de mendigo, Na curva inútil em que fico Da estrada certa que não sigo.
Sim, ninguém me compreende. Pior se compreendesse! Ninguém a ninguém se entende, porque se alguém se entendesse, a alma seria um duende.
Rosa, Henrique mother, Henrique brother, Henrique Pessoa
Montesegur
I stand alone in this desolate space In death they are truly alive Massacred innocence, evil took place The angels were burning inside Centuries later I wonder why What secret that they took to their grave Still burning heretics under our skies Religion's still burning inside At the gates and the walls of Montségur Blood on the stones of the citadel At the gates and the walls of Montségur Blood on the stones of the citadel At the gates and the walls of Montségur Blood on the stones of the citadel At the gates and the walls of Montségur Blood on the stones of the citadel As we kill them all so god will know his own The innocents died for the pope on his throne Catholic greed and its paranoid zeal Curse of the grail and the blood of the cross Templar believers with blood on their hands Joined in the chorus to kill on command Burned at the stake for their soul's liberty To stand with the cathars to die and be free The book of old testament crippled and black Satan his weapon is lust Leaving this evil damnation of flesh Back to the torture of life The perfect ones willingly died at the stake And all of their followers slain As for the knowledge of god they had claimed Religion's still burning inside At the gates and the walls of Montségur Blood on the stones of the citadel At the gates and the walls of Montségur Blood on the stones of the citadel At the gates and the walls of Montségur Blood on the stones of the citadel At the gates and the walls of Montségur Blood on the stones of the citadel As we kill them all so god will know his own The innocents died for the pope on his throne Catholic greed and its paranoid zeal Curse of the grail and the blood of the cross Templar believers with blood on their hands Joined in the chorus to kill on command Burned at the stake for their soul's liberty Still burning heretics under our skies As we kill them all so god will know his own Laugh at the darkness and in god we trust The eye of the triangle smiling with sin No passover feast for the cursed within Facing the sun as they went to their grave Burn like a dog or you live like a slave Death is the price for your soul's liberty To stand with the cathars to die and be free At the gates and the walls of Montségur Blood on the stones of the citadel At the gates and the walls of Montségur Blood on the stones of the citadel At the gates and the walls of Montségur Blood on the stones of the citadel At the gates and the walls of Montségur Blood on the stones of the citadel
As paredes da Casa Branca
Queluz Ocidental
Monte Abraão
Sintra
Portugal
HR
Abraham Mount House
As Antas no monte
Terra Terre Earth
Rosa Nuno Gonçalo Da Rosa
Terra
É fácil trocar as palavras, difícil é interpretar os silêncios! é fácil caminhar lado a lado, difícil é saber como se encontrar! É fácil beijar o rosto, difícil é chegar ao coração!
Quadro de Almada Negreiros
HR
Almada Negreiros
Salvador Dali
O castelo
Rio Tejo Lisboa - Almada
Cities on both banks of the river
Largo do Carmo
Museu de Arte Antiga
Quadros Almada Negreiros
Almada Negreiros Painting
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Rua... No 93
Women
Sal Opium
Sabes quem sou? Eu não sei, outrora onde o nada foi. fui vassalo e rei. É dupla a dor que me doi, Duas dores eu passei.
Fui tudo que pode haver. Ninguém quis esmolar, e entre o pensar e o ser senti a vida passar como um rio sem correr.
ARTISTAS DE RUA E DO COMERCIO: Fernando Fernanda (ruaseartistas.blogspot.com)
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