Diz-me muito, nem sempre tudo e eu também não quero saber tudo e muito.
Perdidamente
Ser poeta é ser mais alto É ser maior do que os homens Morder como quem beija É ser mendigo e dar como quem seja Rei do reino de Aquém e de Além-Dor É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja É ter cá dentro um astro que flameja É ter garras e asas de condor É ter fome, é ter sede de infinito Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim É condensar o mundo num só grito E é amar-te, assim, perdidamente E é seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente E é amar-te, assim, perdidamente E é seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente Ser poeta é ser mais alto É ser maior do que os homens Morder como quem beija É ser mendigo e dar como quem seja Rei do reino de Aquém e de Além-Dor É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja É ter cá dentro um astro que flameja É ter garras e asas de condor E é amar-te, assim, perdidamente É seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente E é amar-te, assim, perdidamente E é seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente E é amar-te, assim, perdidamente E é seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente E é amar-te, assim, perdidamente E é seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente
The calm before the storm?
The calm after the storm.
The calm here after the storm.
In winter when the wind die down the temperature drops.
What happens to the temperature in the Spring and Summer?
Where does the wind go?
The wind doesn't die, people die. If not here the wind will be in another land, but will always come back to this land. Where do people go when they die? People never come back after death, why? Maybe a part, maybe some pieces of people's beings come back to Earth, to the land in another living spirit, soul and corp?
O tempo diz-me muito, o que vivi e não vivi. É com o tempo que se vive, é com e no tempo que se vive as coisas, que se vive a vida.
Time tells me many things, what I have lived and what I have not lived. It is with time that I live, it is with and in time that I experience things, that I live life, my life, life that sometimes I don't know what was, what it is and what will be.
125 Azul
"Mudam-se os tempos, muda-se o ser, as vontades e a confiança. Todo o mundo é composto de mudanças alongo dos tempos."
Mudam-Se os Tempos, Mudam-Se as Vontades
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades Muda-se o ser, muda-se a confiança Todo o mundo é composto de mudança Tomando sempre, tomando sempre novas qualidades E se todo o mundo é composto de mudança Troquemo-lhes as voltas Que ainda o dia é uma criança Continuamente vemos novidades Diferentes em tudo da esperança Do mal ficam as mágoas na lembrança E do bem, e do bem, se algum houve, as saudades Mas se todo o mundo é composto de mudança Troquemo-lhes as voltas Que ainda o dia é uma criança O tempo cobre o chão de verde manto Que já coberto foi de neve fria E em mim converte em choro o doce canto E em mim converte E em mim converte em choro o doce canto Mas se todo o mundo é composto de mudança Troquemo-lhes as voltas Que ainda o dia é uma criança E afora este mudar-se a cada dia Outra mudança faz de maior espanto Que não se muda já como soía Que não se muda, que não se muda já como soía Mas se todo o mundo é composto de mudança Troquemo-lhes as voltas Que ainda o dia é uma criança
Ainda o dia é uma criança...
As auto-estradas, as portagens, os sinais de trânsito, as terras por onde se passa. As curvas e contra curvas dos vales e das montanhas.
Aquela terra...
José Mário Branco - Canção "Mudar de Vida"
Hesitei se havia de escrever esta canção Porque a vida não se pode resumir numa canção Mudar de vida? Mudar de vida é uma questão que ainda não está resolvida Mas o que é a minha vida, se não a própria vida que está contida em toda a força perdida, em toda a vida perdida, consumida, passada, repassada, ultrapassada como se não fosse vida... A minha vida? Não há! Uma vida mesmo vida só pode ser um espaço que está dentro dum abraço que se dá ou não se dá Vida verdadeiramentе é sempre a vida da gentе que penosamente, insistentemente, inexplicavelmente, vai fazendo andar a roda que fabrica a vida toda Uma vida separada se parada Se a vida seca e mais nada Se for vida distraída, alienada, sozinha, irrelevante e auto-ignorada, já não é vida vivida Uma vida separada, não é vida nem é nada São corpos minerais, nem plantas nem animais Pois quem vive distraído à conta do seu umbigo Quem não é capaz de dar a vida pela vida dum amigo Está sozinho com os outros, está sozinho consigo (pelo menos é assim que eu vejo as coisas) Então? Mudar de vida pra quê? Em tudo o que foi vivido procuramos um sentido O que essa vida nos diz, uma matriz, um pendor, um sonho, um amor ou um desamor, uma paixão, uma razão... ou uma Grande Razão! Por baixo de cada vida há essa roda que gira com os ratinhos lá dentro a fazer a roda andar As coisas materiais, as coisas essenciais O pão, a casa, os sinais que são a vida directa A existência concreta As coisas que estão à mão, que nos parecem normais A paz, o pão, a saúde, a habitação Então? Mudar de vida? Mudar de vida Mudar de vida Acordar Acordar o pensamento Vida verdadeiramente é sempre a vida da gente que penosamente, insistentemente, inexplicavelmente, vai fazendo andar a roda que fabrica a vida toda Muitos de nós nem dão conta... Achamos isso normal? Mas afinal... e a hora de trabalho que há em cada coisinha? E o cansaço da mãe com as panelas na cozinha? Como se chama a Judite que me fez esta camisa? Onde está o Eduardo que fez este projector? E onde para o Vladimir que ergueu aquela parede? Estão não sei onde! Do outro lado daquilo a que nós chamamos vida! A vida deles, para nós, não é bem vida... É, digamos assim, mercadoria produzida... São umas coisas! Umas coisas que vivem sei lá onde, sei lá como... Viverão? Essa gente, tirando alguma excepção, não está confortavelmente aqui sentada à minha frente a ouvir a minha canção Vai vendo telenovelas, olhos perdidos no espaço, a digerir o cansaço, a descansar do vazio... São corpos desbotados, destinados a serem recarregados Que amanhã é outro dia em que vão trocar, por pão Ou tudo ou nada Mais e mais mercadoria, fabricada, montada, embalada e transportada Que para eles não vale nada! Estes de que falo são 66 % da gente do meu país Há mais 24 % que sobrevivem nas pregas do pesadelo Sobram 10 Dos 10%, são 8 os que duma ou doutra forma levam cheios de arrogância as migalhas de biscoito que são o seu resgate de esperança Estão nas tintas para tudo, a começar por si próprios... Ficam os tais 2 %, os que a gente nunca vê, mas que nos vêem a todos Quem fabrica um parafuso, uns sapatos, uma estrada, qualquer coisa fabricada Recebe um x pela hora, pelo gesto, pela vida emprestada Que não é vida nem nada Amortizado o capital constante Pagas as despesas todas Incluindo o esperto que teve a ideia Fica então a mais-valia Que é a demasia entre o valor da mercadoria e os gastos do patrão - o esperto que teve a ideia, o "empreendedor" que pôs os outros a viver para ele... Porquê? Porque os valores são outros... - Quais são os teus valores, Zé Luis? -Os meu valores? -Sim, quais são os teus valores? -Ah, o amor, a liberdade, a igualdade, a fraternidade A amizade A justiça, ora aí está, a justiça Ah e também a honestidade! -E tu aí, quais são os teus valores? -Os meus valores? -Sim, quais são os teus valores? -Os meus valores estão na bolsa de valores... (Ao que isto chegou...) Nos anos 20 do século do mesmo nome Para tentar deter o flagelo social da sífilis Que dizimava pobres e exércitos O biólogo alemão Ehrlich fechou-se no laboratório Tentou uma experiência, e falhou Tentou duas, falhou Três, quatro, cinco, seis, falhou sempre Até que conseguiu um tratamento: Chamou-se tratamento "Ehrlich 606" Mas ainda não conseguia curar a doença sem matar o doente Então Ehrlich continuou Mais uma, e outra, e outra... A cura, finalmente conseguida, chamou-se "Ehrlich 914" Quantas vezes já tentámos nós? 914? Ainda não... 606? Ainda não... Mas talvez, quem sabe, dez, vinte? Qual é o preço da esperança? Acordai, acordai homens que dormis a embalar a dor dos silêncios vis Vinde no clamor das almas viris arrancar a flor que dorme na raiz! Estamos de punhos fechados, mas temos as mãos nos bolsos... Então? Mudar de vida? Mudar de vida Mudar de vida .... [...] Não disputeis, curvado o corpo todo, as migalhas da mesa do banquete Erguei-vos e tomai lugar à mesa! Mudar de vida! Mudar de vida! Levar o sonho de Antero às mulheres do Vale de Ave, às da Zara, às da Maconde, às da Rohde Aos homens da Pereira da Costa Aos jovens da Cova da Moura, da Arrentela, da Apelação e da Alta de Lisboa, meus irmãos! Aos homens da Auto-Europa e da Azambuja Ao milhão de desprezados Ao lixo do capital Aos seres humanos dispensáveis, descartáveis, recicláveis A esses olhares perdidos dos nossos telejornais Levar o sonho de Antero aos humilhados e ofendidos Erguei-vos e tomai lugar à mesa! Libertar a mais valia que está na mercadoria! Mostrar a vida escondida por baixo do sofrimento! Recordar a força Acordar a força motriz A energia matriz Donde nasce o movimento A raiz... Mudar de vida! Mudar de vida! Mudar de vida Mudar de vida Dar Dar um pontapé na morte! Mudar de vida Mudar de vida Romper Romper o cordão da sorte! Mudar de vida Mudar de vida Dar Dar as mãos para o caminho! Mudar de vida Mudar de vida Mudar Que isto não muda sozinho! Mudar de vida Mudar de vida Pôr Pôr em marcha o movimento! Mudar de vida Mudar de vida Acordar Acordar o pensamento!
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